Relato 73

 ATENÇÃO: Esse relato é muito chocante! Envolve abusos, mortes, tentativa de feminicidio, danos psicológicos... esteja atenta a ele ter um grande potencial de te ''engatilhar'' sensações ruins! Mas isso não significa que seja um relato que não deva sr lido, muito pelo contrário, é lendo histórias parecidas que mulheres percebem que estão passando por agressões que não deveriam estar acreditando que é ''amor''.


''Namorei durante 5 anos com uma pessoa que era dependente químico e de mim, era enfermeira, psicóloga, advogada, mãe, cuidadora... buscava ele na favela no meio de dezenas de usuários, visitei em delegacia, em clínicas, fomos até para fora do país para tratar a doença, pagava suas dívida de drogas.



 Uma vez busquei ele tão machucado, que pensei que ele morreria naquela noite. Como ele era de família política, rica não podia dar entrada em hospital, então levei ele para casa da mãe dele e chamaram a equipe médica da família. Ele não deixava respirar, não tinha mais cabeça para estudar, afastei dos meus amigos, da minha família, do meu sonhado trabalho, eu era muito "popular" e por fim virei a pobre coitada zumbi. O meu celular só podia atender no viva voz, tinha hora marcada para visitar os meus pais. Estudava em outra cidade e quando ia visitar os meus pais ele ficava no portão cronometrando o tempo, e quando passava o tempo ele ficava buzinando, gritando no portão.  



 Demorei a perceber que era coodependente dele, da vida dele... todas as vezes que ameaçava terminar ele surtava e me colocava como a mulher maravilha que iria resolver todos os problemas. Tivemos um acidente de carro que fraturei 4 costelas, clavícula, bacia e ele estava no hospital apenas com o pé quebrado, gritando e xingando os médicos que estava cuidando de mim. Me chamava o tempo todo, e os médicos me pedindo pra não responder ficar quieta, que corria risco de vida e ele por fim começou a me chamar de vagabunda, que estava transando com os médicos. Foi muito constrangedor, estava consciente e naquele momento só queria morrer. Me recuperei, meus pais cuidaram de mim e ficaram sempre do meu lado. E a culpa por abandonar ele era maior. E reatei o namoro, depois de 1 ano não aguentei e terminei, até aquele momento ele nunca tinha me agredido.



 Então, fui viver a minha vida até que ele apareceu, depois de me ligar, em 1 dia, 189 vezes. E ai aceitei encontrar com ele no hotel na cidade que em meus pais moram, ele me batia no rosto e falava que me amava, me afogou várias vezes no vaso e dava descarga, me abraçava e falava que ali era o nosso fim. Ele estava armado, ele falou que ia me matar e se matar depois. Implorava pela vida, falava tudo que tinha feito e ele não se comovia e falava que era obrigada a cuidar dele. Até que depois de 6 horas presa em um quarto de hotel, machucada, humilhada, falei com ele que iamos voltar para cidade que eu morava. E íamos ficar juntos, foi a única saída. Então ele me deu a chave do quarto, e me abraçou, me beijou e falou que eu não precisava mais voltar. E ele deu um tiro na cabeça segurando o meu cabelo, cai junto com ele e não sabia se estava machucada. Atingida pelo tiro, fiquei muda sei lá. Não gritei, não me mexi e fui sentindo o corpo dele esfriar. Por fim, adormeci ali no colo dele. Acordei e ai que percebi o que tinha acontecido e pedi ajuda ao hotel... fui a delegacia da mulher pensei que tinha sido humilhada mas não estava enganada. A delegacia da mulher de São Mateus Es teve o pior atendimento, acolhimento... a escrivã na época falava assim: "olha na hora que estava lá embaixo dele não chorava e nem chamava papai e mamãe né pelo contrário fazia a posição papai e mamãe.'' Me colocava pior que eu estava. Fiz acompanhamento com psicólogo, psiquiatra, tive síndrome de pânico. Tentei me matar por vergonha de ser quem eu era e ter me tornado o que era.



 Me recuperei, mas nunca serei 100%...''

- Relato anônimo de uma seguidora, @maselenuncamebateu




Olá, querida leitora

Você percebeu que passa por situações parecidas no seu relacionamento com este relato? Você não está louca! Precisamos te dizer: agressão não é só física! Antes da agressão física, ou até mesmo de uma tentativa de feminicidio, vem as agressões psicológicas, morais, sexuais e patriomoniais! Não é apenas a existência de uma agressão física que configura um relacionamento abusivo e a violência doméstica. Procure ajuda! Amor não machuca nem dói, tampouco sobre posse. Estamos aqui para te dizer isso. Conte conosco, você pode entrar em contato em:

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